Nosso modelo Bruno Faria, aceitou nosso desafio e disse que faria sim (hahahaha a piada de sempre), um depoimento sobre sua vida de modelo em nosso blog!
Ele inicia discorrendo sobre seus desafios da profissão!
Desafios da profissão de modelo
Há muitos desafios principalmente nos primeiros anos da carreira de modelo. Não há faculdade, você aprende vivenciando. São poucas as agências que te dão suporte, que tem uma área de desenvolvimento, que te passam orientações ou treinamento sobre a profissão. Muitas vezes você entra na agência num dia e no outro já está fotografando. Sendo pressionado para fazer as melhores poses, ter o melhor corpo, cabelo e pele. Muitas vezes o modelo é rejeitado em castings (testes), e precisa saber lidar com frustrações. A concorrência é grande, modelos da própria agência e de agências concorrentes participam dos castings, é como se o modelo tivesse que passar por várias entrevistas de emprego. Passou no teste, pegou o job, desta forma recebe seu “salário” (cachê). Não tem a estabilidade de um emprego formal.
Sem muita experiência acabam recebendo cachês mais baixos, e sem estrutura emocional e/ou financeira acabam desistindo da profissão prematuramente.
Por estes motivos e outros motivos que a profissão de modelo exige preparação, disciplina, foco, perseverança e também se manter atualizado, desta forma o modelo poderá chegar ao sucesso. Em uma analogia se assemelha muito com a profissão de jogador de futebol.
Bruno se orgulha muito dos caminhos e lugares que a moda permitiu conhecer, inúmeros países e cidades inesquecíveis. Além da experiência de morar e modelar em culturas muito distintas da nossa.
Já viajei para muitos lugares maravilhosos, dentro e fora do país. Acho que essa é uma das partes que mais me dá prazer, pois amo conhecer novos lugares, pessoas e culturas diferentes da minha.
Fora do país fotografei campanhas em Amsterdam, Las Vegas, Paris, Cannes e Aix de Provence na França, Havana em Cuba, Santiago e Deserto do Atacama no Chile, Bangkok, Chiang Mai e diversas praias na Tailândia, em San Andres e Cartagena na Colômbia, Jamaica, África do Sul, em San Miguel de Alende no México, Marrocos nas cidades de Marrakech, Essaouira, Ait Ben Hadddou e o magnifico deserto do Sahara, e uma das últimas viagens foi para o Japão onde fotografei em Tóquio, Osaka e Kyoto.
Minha profissão também me fez morar na China, na Tailândia, no Chile e no México, foram tempos incríveis, fiz diversos amigos nestes lugares. Logo mais quero passar mais uma temporada trabalhando e morando fora novamente.
Perguntamos para ele como trabalhar o ego em universo em que muito se preza pela beleza e aparências e não esperávamos outra reposta!
Me considero uma pessoa tranquila, mas sempre tento ficar atento aos sinais que possam me tirar do prumo. Gosto muito de escutar no início da manhã alguns podcasts sobre o budismo, apesar de batizado e criado no catolicismo tenho curiosidade por outras religiões que na sua maioria pregam primeiramente o Amor ao criador e ao próximo, gosto também de ouvir outros filósofos atuais que trazem muitas mensagens que me faz refletir e também me acalmar para iniciar o dia com muita positividade e saber lidar com todos os tipos de situações e emoções.
Muitas pessoas acham que os modelos tem ego inflado, que “se acham”. Eu penso que um rosto e corpo bonito ou dentro dos padrões de beleza, ou estar nas mídias com mais evidência não me fazem diferente das outras pessoas, acho que meu corpo é apenas uma ferramenta da minha profissão, e estar em evidência apenas uma consequência do resultado do meu trabalho como modelo. No meu caso vejo essa evidência como uma responsabilidade de levar o nome da profissão para a vida e busco ser modelo e influenciar com bons exemplos a serem seguidos.
Ele também se arriscou em contar a real e nada glamourosa vida atrás das câmeras:
As pessoas acham que os modelos levam vida de glamour, porque veem somente a parte bonita, o trabalho pronto. Mas para chegar lá muitas vezes tem alguns perrengues para enfrentar. Acordar às 3h da manhã para pegar a estrada e fotografar no nascer do sol campanha de sunga no inverno com temperatura chegando no negativo e ainda fazer cara de bonito. Ou então fotografar campanha de inverno, cheio de casacos num sol a pino do verão, sem suar.
Ficar quase o dia inteiro sem comer, porque a equipe está atrasada no cronograma e a luz do dia vai acabar e precisam finalizar as fotos.
Ser maquiado com produtos péssimos, com pincéis que parecem lixa e com cheiro ruim.
Calçar sapatos numeração 39 em um pé 42 sem reclamar
Fotografar mais de 12 horas e ainda assim não acabam os looks nas araras.
Passar a semana inteira viajando e fotografando, pega estrada de carro de madrugada, fotografa o dia todo, volta, deixa o carro, pega um ônibus de noite e chega de manhã em outra cidade, fotografa, pega táxi, pega avião e vai para outra cidade, onde dá tempo somente de tomar um banho, um café rápido e corre para o estúdio fotografar sem parar porque você precisa dar conta de tudo e pegar o voo de volta, pois tem campanha no próximo dia cedo. Além de atrasos e cancelamentos temos que nos virar para conseguir atender todos os clientes e sem aparentar cansaço ou stress, pois o cliente precisa de você radiante e pleno pois será a cara da marca na próxima coleção que precisa ter sucesso pois muitos dependem disso, e em meio a tudo isso precisamos manter os cuidados estéticos. Penso que por saber da minha responsabilidade e buscar desempenhar da melhor forma meu papel é que tenho o respaldo e anos de parcerias com ótimos e grandes clientes como a Baumgarten, parceria na qual tenho muito orgulho, pois nos dias atuais são raros os casos de modelos permanecerem como rosto da marca por tanto tempo, e bota tempo nisso né… lá se vão mais de uma década de muita cumplicidade e admiração.
Finalizamos com um tópico muito atual, a transformação da moda, da indústria da beleza e dos padrões.
Como os modelos continuam tendo trabalho com o passar dos anos?
A moda está mais democrática, mais inclusiva, mais representativa, o público mais velho também quer estar na moda, e querem ser representados não por jovens de 20 anos, mas um pouco mais próximo da sua idade. Por este motivo que o mercado precisa ter uma diversidade de modelos para representar várias etapas da vida. Aquele modelo que iniciou com 20 anos e pararia a carreira com 30, agora pode continuar a fotografar por muito mais tempo.
Há alguns anos atrás o modelo não tinha voz, na maioria das vezes seu serviço era considerado como um cabide de roupas, um manequim para expor peças e fotografar. Os tempos foram mudando e a profissão evoluindo, vimos modelos com mais conhecimento em várias áreas, como a moda, publicidade, fotografia, muito mais informados, buscando se diferenciar, tendo mais atitude e sendo mais autênticos. Hoje com a globalização, a internet e as mídias sociais fez com que o modelo se tornasse mais ativo, muito mais importante na estratégia de marketing. O modelo passa a ser a cara e também a voz da marca, influenciando o consumidor e ajudando nas vendas.
Com carinho,
Equipe Baumgarten Camisas